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Notícia publicada em 21/07/2015 às 08:51 | Ponto & Virgula
E o tal ponto e vírgula. Afinal, ele serve para quê mesmo?
Confira a coluna do jornalista do site Rul Marcos Lock

 

 

O conhecido professor Sérgio Nogueira, aquele mestre bem humorado e integrante do quadro Soletrando, do programa Caldeirão do Huck, citou em uma de suas aulas na internet o seguinte exemplo, que viu certa vez num comercial de cerveja, estampado em um outdoor: “Se dirigir; não beba. Se beber; não dirija.”. E então ponderou que este é um uso indevido deste tal ponto e vírgula, assunto da presente edição desta coluna que leva o mesmo nome. Neste exemplo dado o correto seria assim: “Se dirigir, não beba; se beber, não dirija”.

 

Esta pontuação, caros amigos, deve ser adotada quando desejamos oferecer ao leitor uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto final.  Ou seja, serve para quando parece que encerramos o assunto, mas ainda temos algo a dizer. Ao batizarmos a coluna de PONTO & VÍRGULA, pensamos nisso justamente: pontuar um momento de reflexão e uma pausa no corre-corre diário, para discutir questões acerca de nosso idioma português.

 

Há um texto divertido de Luiz Fernando Veríssimo sobre o uso do ponto e vírgula. Vamos a ele:

 

“(...) Mas tenho um temor e uma frustração. Jamais usei um ponto e vírgula. Já usei ‘outrossim’, acho que já usei até ‘deveras’ e vivo cometendo advérbios, mas nunca me animei a usar ponto e vírgula. Tenho um respeito reverencial por quem sabe usar ponto e vírgula e uma admiração maior ainda por quem não sabe e usa assim mesmo, sabendo que poucos terão autoridade suficiente para desafiá-lo. Além do conhecimento e audácia me falta convicção: ainda não escrevi um texto que merecesse ponto e vírgula. Um dia o escreverei e então tirarei o ponto e vírgula do estojo com o maior cuidado e com a devida solenidade o colocarei, assim; provavelmente no lugar errado. Mas, quem se importará? (...)”


O uso do ponto e vírgula pode ser um mistério para muita gente e também foi alvo da atenção do grande poeta Mário Quintana, que fez um poema, a esse respeito chamado “Comentário ouvido num bonde”. Um determinado verso diz assim: “ (...) Que moça culta  Maria Eduarda: usa ponto e vírgula. (...)”.


Bom, vamos a algumas regrinhas básicas de quando e como usar este sinal de pontuação que não teve o mesmo destino do trema, este sim revogado pelo novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

 

1)      Use o ponto e vírgula antes de conjunções adversativas (entretanto; mas; porém; contudo; todavia) ou conclusivas (logo; portanto; por isso; por conseguinte). Exemplos: “Ele trabalha muito; porém, não foi promovido.” “Os empregados iriam todos; por isso, não precisar ficar alguém no pátio.”


2)      Ele também serve para separar itens de uma enumeração, como  já foi feito ao citar as conjunções acima. Também serve para separar elementos por grupos e aqui vai um exemplo: “O Brasil produz café, milho e arroz; ouro, níquel e ferro”.


3)      Serve também para itens de uma mesma explicação. Exemplo: “Os computadores podem acarretar duas conseqüências: uma é a redução de custos; outra é a demissão de funcionários”.

 

4)      Serve ainda para separar grupos de orações coordenadas com unidade de sentido: “Na linguagem escrita é o leitor; na falada, o ouvinte.”


5)      Aconselha-se, por fim, seu uso quando houver autonomia entre as partes que ele separa. “Kadafi diz que não renuncia; ONU autoriza ataque.”


Até a próxima dúvida, amigos!

 

Marcos Lock (*)

E-mails para esta coluna devem ser enviados para colunapontoevirgula@gmail.com.

(*) Jornalista profissional, professor universitário e graduando do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas, da Universidade Aberta do Brasil/UNIR.

 


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