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Notícia publicada em 04/01/2025 às 16:40 | Educação
A educação americana: O que ela faz, mas não aceita

 

 

 

Por: Dr. Gabriel Lopes e Dr. Guilherme Schneider
 

Recentemente, observamos uma curiosa situação no sistema educacional norte-americano, amplamente reconhecido por sua excelência. Embora os EUA adotem uma postura desqualificadora em relação a sistemas de ensino de outros países, não há regulação governamental direta sobre a educação no país, e até a extinção do Departamento de Educação tem sido discutida.
 

Uma questão relevante surge ao analisarmos o credenciamento de universidades estrangeiras nos EUA. A Swiss School of Management obteve recentemente a acreditação da DEAC (Distance Education Accrediting Commission), apesar de não ser formalmente credenciada pelo Conselho Suíço de Acreditação. Sua única autorização vem do selo eduQua, um certificado suíço de qualidade, mas que não substitui a acreditação formal exigida para instituições de ensino superior.

No Wikipédia, encontramos a seguinte informação:
 

“Nem a eduQua, nem seu órgão regulador, a Federação Suíça para a Aprendizagem de Adultos (SVEB), nem os órgãos de certificação independentes estão credenciando instituições de ensino superior, como universidades. A acreditação acadêmica é, por lei federal (Art. 21 HEdA), feita exclusivamente pelo Conselho Suíço de Acreditação. Nesse sentido, a certificação eduQua não é um substituto para a acreditação do ensino superior.”
 

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Swiss_quality_label_for_further_education_institutions
https://akkreditierungsrat.ch/en/decisions/

 


 

Isso levanta a questão: como uma instituição suíça, sem credenciamento formal, conseguiu um reconhecimento tão significativo internacionalmente? A resposta pode estar no fato de que o sistema educacional americano tem se mostrado mais aberto ao reconhecimento de universidades estrangeiras. A CHEA (Council for Higher Education Accreditation) e a DEAC estão ampliando seu alcance, reconhecendo instituições internacionais, mesmo sem presença física nos EUA.

 

O sistema suíço de acreditação, por sua vez, é descentralizado. O Conselho Suíço de Acreditação é o único órgão autorizado para credenciar universidades no país, garantindo altos padrões de qualidade acadêmica.

 

No entanto, o selo eduQua, voltado para educação continuada, oferece uma forma de qualidade diferenciada, mas não substitui a acreditação formal para instituições que oferecem diplomas acadêmicos. Esse modelo flexível permite que instituições de educação continuada coexistam com universidades de ensino superior formal, mas gera uma certa ambiguidade no reconhecimento internacional.

 

O que fica claro é que, embora a Suíça tenha um sistema robusto, ele não se encaixa perfeitamente no modelo global de acreditação, o que traz à tona o questionamento sobre os critérios utilizados por agências como a DEAC para reconhecer instituições sem o credenciamento formal do país de origem.

 

Não se trata de criticar a evolução do sistema educacional norte-americano. Pelo contrário, é admirável que os EUA finalmente tenham começado a valorizar algo além de suas fronteiras. Tampouco questionamos a qualidade da Swiss School of Management. O que instiga a curiosidade é como uma instituição suíça, sem credenciamento local formal, conquistou algo tão relevante internacionalmente.

 

O sistema de acreditação internacional nos Estados Unidos está evoluindo para reconhecer a participação de universidades estrangeiras em seus processos. Este avanço é evidenciado pela CHEA (Council for Higher Education Accreditation), que mantém um diretório internacional de agências de credenciamento, e pela DEAC, que tem credenciado universidades estrangeiras, mesmo sem operações ou sedes nos EUA.
 

Link:

https://www.chea.org/search-international-directories

Link DEAC na CHEA:

https://www.chea.org/search-accreditors-results-table?search_api_fulltext=DEAC&field_accreditor_type=All

 

A evolução do sistema de acreditação nos EUA, especialmente pela CHEA e DEAC, é um avanço importante, mas ainda deixa muitas questões sobre os critérios de reconhecimento de acreditadoras internacionais.

 

Outras formas de acreditação internacional

 

Além da DEAC e do modelo suíço, existem outras acreditadoras internacionais que desempenham um papel importante na promoção de padrões globais de qualidade educacional, como:

 

  • ACBSP (Accreditation Council for Business Schools and Programs): Credencia programas de negócios em todo o mundo, garantindo que atendam a elevados padrões acadêmicos e de ensino.
  • AMBA (Association of MBAs): Especializa-se em programas de MBA, certificando-os com critérios de excelência global.
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  • IARC/NIARS (International Accreditation and Recognition Council / National Institute for Accreditation and Recognition Standards): Focada em garantir a qualidade educacional internacionalmente, com crescente reconhecimento global.
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  • IACBE (International Accreditation Council for Business Education): Focada em escolas de negócios, sendo uma das principais certificadoras globais.
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Essas agências ajudam a criar um sistema de acreditação que transcende as fronteiras nacionais, promovendo a mobilidade educacional e profissional em um mercado global competitivo.

 

Uma provocação para o reconhecimento Global

 

Se as universidades acreditadas por agências americanas como ACBSP, AMBA e IACBE podem ser reconhecidas nos EUA, por que ainda há resistência em aceitar universidades com acreditadoras de outros países, que seguem os mesmos altos padrões de qualidade?

 

Será que estamos mantendo um sistema de acreditação que favorece apenas instituições de dentro de um círculo fechado, sem considerar a excelência global?

 

Essa questão precisa ser discutida para que possamos avançar para um modelo educacional verdadeiramente internacional, onde a qualidade educacional não tenha fronteiras nem limitações arbitrárias.

 

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