*Por Beatriz Galvão, g1 RO
O mantra "quem acredita sempre alcança" representa as últimas conquistas do jovem rondoniense Hugo Pantoja, de 20 anos. Com o nome artístico de Ixã, o jovem estreou no mundo musical na semana passada, após lançar uma canção autoral com Alok, um dos maiores DJs do mundo.
"Sempre acreditei nas minhas músicas. A mensagem que eu deixo para os jovens que moram em Rondônia ou em outros lugares do Norte do país, é que a gente tem um potencial enorme e podemos alcançar lugares que a gente nunca pensou que poderíamos chegar. A nossa cultura é muito rica. Temos que valorizar a nossa terra e expandir isso para o mundo", falou.
Ixã nasceu em Porto Velho e aos 14 anos passou a viver com o povo Huni Kuî, em Rio Branco (AC), por causa da união da sua mãe com o cacique Mapu Kuî. No ano passado, Alok recebeu o povo Huni Kuî quando desenvolvia o álbum "Futuro Ancestral", inspirado em raízes indígenas, e por isso conheceu Ixã.
Apesar de não ser indígena, o jovem foi convidado para a parceria musical após o DJ ouvir Ixã cantar durante uma cerimônia.
Com versos apaixonados, a canção foi intitulada "Meu Amor" e foi lançada em 4 de março. Seu clipe já soma quase 1 milhão de visualizações no Youtube (assista abaixo).
Além disso, um dia após o lançamento, o jovem rondoniense fez seu primeiro show no Paraná, para um público de aproximadamente 15 mil pessoas. Ixã também se apresentou ao lado de Alok no programa Caldeirão, com Marcos Mion, no último sábado.
Ao g1, Ixã contou que desenvolve seu talento para a música desde a infância. Aos 10 anos, o jovem começou a cantar, tocar violão e a compor músicas.
Essa ligação com o mundo artístico foi passada pela família, já que tanto seu pai biológico, quanto seu Epã (Mapu Kuî), são músicos. Inclusive, Ixã foi descoberto por Alok através de um trabalho musical do DJ com o cacique.
Com a oportunidade de lançar uma música com Alok, o jovem Hugo resolveu assumir o nome artístico de Ixã, que também é seu nome indígena recebido de Mapu Kuî, em 2019.
"Ixã é um ratinho selvagem que tem o dom de gerar seus filhos, não sentir dor e ter alta resistência a tudo. Também está relacionado à personalidade calma, compreensiva, resiliente e por tentar resolver tudo de forma pacífica e com amor", explicou.
"Resolvi assumir o nome Ixã com a maior honra, de forma a ser grato por ter sido descoberto com ele [por Alok]. Além do orgulho e a força que esse nome tem, e mensagem que ele passa de personalidade".
Alok foi eleito o quarto melhor DJ do mundo em 2021 no ranking anual da revista especializada "DJ Mag". O artista brasileiro soma mais de 21 milhões de ouvintes mensais, somente em uma plataforma de Streaming.
O encontro de Ixã com o Alok aconteceu no ano passado, enquanto o DJ produzia o álbum "Futuro Ancestral", inspirado em raízes indígenas. Para isso, o artista recebeu 12 povos diferentes, entre eles o povo Huni Kuî, do Acre, com quem Ixã vive.
O DJ anunciou o lançamento da música com o jovem rondoniense nas redes sociais dizendo que a canção é uma das "mais especiais que já produziu em sua carreira". Em seguida, Alok contou como conheceu Ixã.
O DJ explicou que a sua primeira impressão foi de que Ixã era muito introspectivo, já que passou oito dias em silêncio. Foi então que no último dia, Alok ouviu Ixã cantar e o chamou para a parceria musical.
"No último dia, enquanto eu estava em uma cerimônia deitado de olhos fechados, ouvi uma voz angelical. Parecia que eu estava no céu. Quando eu abri os olhos, adivinha quem estava cantando? Aquele garoto chamado Ixã", relembrou Alok.
Ixã contou ao g1 que já estava feliz em apenas estar acompanhando o encontro de seu Epã com o DJ, mas após ter sido convidado para a parceria musical se sentiu realizado.
"Ser reconhecido e valorizado como artista ali naquele momento foi a realização de tudo, dessa carreira muito nova de trabalho e de esforço. A gente tem que acreditar na gente e no nosso sonho até outras pessoas acreditarem e virem somar, assim como o Alok acreditou em mim", falou.
Para ele, as últimas conquistas são atribuídas a confiança. Desde a infância, o rapaz apostava no seu futuro artístico e por isso sempre cantava músicas autorais quando tinha a oportunidade de se apresentar em público.
"Minha infância e adolescência foi sempre cercada pela música. Sempre participei de festivais estudantis, festivais de música, e sempre com música autoral. Não porque eu não queria cantar como intérprete, mas porque eu sempre acreditei nas minhas músicas", contou.
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