Finalmente, a tão sonhada viagem estava chegando e o que não faltava era empolgação. Tanto que na hora de arrumar as malas foi colocando tudo o que via no guarda roupa.
Afinal, poderia esfriar ou esquentar; poderia aparecer um jantar mais refinado ou até mesmo um passeio gostoso no parque. E lá foi ela, amontoando coisas nas malas.
Quando terminou de arrumar tudo, estava exausta e certo desconforto surgiu em seu coração. Sentiu que pagaria excesso. E não deu outra.
Na hora do check in, quando a atendente disse o peso excedido e o valor a ser pago, notou que suas economias ficariam naquele balcão de embarque.
Entrou no avião chateada pedindo a Deus que ao seu lado não houvesse ninguém. Estava muito brava para ser simpática com alguém. Na dúvida, colocou o fone de ouvido e se deixou levar por seus pensamentos.
Por que tinha sido tão idiota e colocado tanta coisa naquelas malas? – Era somente isto que queria saber.
E assim que decolaram, começou a perceber que ultimamente vinha carregando excessos não só naquelas bagagens, mas em seu coração e sua alma.
A chateação do excesso de bagagem a fez refletir ainda mais sobre seus últimos acontecimentos. A traição sofrida por pessoas que esperava mãos estendidas. O medo de frustrar pessoas que amava mas estava afastando do convívio. A insegurança do futuro. Tantos problemas pesados que estava carregando há tempos.
Tantas neuras que estavam sendo excesso no lugar em que deveria haver paz e a certeza de que Deus possuía o controle de sua vida. Afinal, o fardo dEle é suave e leve. Sentiu-se tola mais uma vez.
Estava, novamente, carregando excesso de bagagem e sorriu quando pensou que no excesso inútil de peso que carregava em sua alma, não pagaria em pecúnia. Poderia simplesmente fazer uma troca com Deus. Entregar seu pesado fardo e receber em troca Seus braços para carregá-la.
Troca injusta, pensou consigo, mas isto era o reflexo da graça. Damos a Deus um coração ferido e recebemos dEle um novo regenerado e cheio de esperança e amor. Um leve e limpo coração.
E quando o avião tocou o solo do seu sonhado destino, percebeu que estava leve. Sua bagagem emocional não estava mais tão pesada. Deixou com Deus suas frustrações, dores e medos.
Estava leve para desfrutar de uma longa viagem chamada vida.
Renata Alice Stutz, 41 anos, é Cristã, advogada, esposa, mãe
e tem como paixão escrever e inspirar pessoas a continuarem
crendo que a vida vale a pena ser vivida!