Tivemos o privilégio de se reunir com o Dr. Gabriel Lopes e o Reitor da UniLogos, Dr. William A. Harrison, para explorar os meandros do sistema universitário dos Estados Unidos. Nesta entrevista, eles compartilham insights valiosos sobre a autorização de universidades, o papel das agências de credenciamento e oferecem conselhos para aqueles que consideram estudar em instituições estrangeiras.
Entrevista:
1. Como saber se uma Universidade é de fato autorizada, ou como saber se de fato é uma universidade e não uma empresa se passando por uma universidade, por exemplo?
R= Sou brasileiro, mas tenho um relacionamento muito próximo com vários cidadãos americanos, aqui conosco, nos acompanhando nessa entrevista, temos o Reitor e meu amigo Dr. William A. Harrison, ele é doutor em direito e sabe como funciona o processo de autorização de uma universidade norte americana. Estamos juntos a uma década. Além de todo esse trabalho brilhante em conjunto com o William, tenho o privilégio de ter a nosso lado o ex comissário de educação da Casa Branca, Dr. George Mentz, que é um grande exemplo e um homem muito sábio em todos os processos que envolvem a educação. Então me sinto conhecedor de certa parte de todo esse processo.
Mas para responder essa questão eu gostaria de ter a palavra do William, então o William pode explicar o funcionamento das Universidades nos EUA.
2. Dr. William, como funcionam as universidades americanas?
R= Nenhuma universidade começa sua atividade credenciada, a maioria delas começa com uma isenção ou com uma licença, a depender do estado. Existem estados que exigem que a Universidade seja credenciada para exercer atividade em seu território, para isso eles emitem um registro ou autorização provisória até que o credenciamento seja completo, como é o caso do estado da Louisiana. De outro lado existem estados que não exigem licença e que a fiscalização fica a cargo do Departamento de Comercio e segue um rígido código comercial, como é o caso do Hawaii.
O sistema americano, na maioria dos casos, funciona com Isenção, Licença ou Acreditação. Não existe uma norma regular, existe um sistema que objetiva preservar a segurança da qualidade educacional, mas não há um código educacional federal ou um ministério da educação. As maiores universidades americanas nasceram através do sistema de isenção religiosa e aos poucos foi migrando para os graus seculares. Muitas delas credenciam seus programas separadamente, mesmo sem possuir uma licença estadual. Tomemos como exemplo a Universidade de Harvard foi fundada em 1636 e só obteve seu credenciamento em 1929 pela NEW ENGLAND COMMISSION OF HIGHER EDUCATION. Foram 293 anos para obtenção de seu primeiro credenciamento universitário, mas mesmo assim se destacou e se destaca como uma das melhores universidades do mundo.
O que na verdade incomoda e se torna alvo das autoridades norte americanas são as fabricas de diploma, que são instituições que se passam por universidades, mas não desenvolvem pesquisas, ensino e não buscam alianças educacionais para aprimorar suas práticas educacionais. Isso de fato é algo combatido de forma veemente.
3. Dr. William, como o senhor poderia definir uma universidade legalmente constituída?
R= É sempre difícil saber exatamente se uma universidade é de fato legal ou não, mas creio que o documento de identidade não faz o homem, ou seja, não basta que a universidade tenha papeis para ser considerada uma instituição regular. Penso que o que faz a universidade é sua composição, as pessoas, sua produção. Se a universidade tem um conselho formado, tem professores nacionais e estrangeiros, se possui um jornal que possa divulgar suas pesquisas e se ela tem práticas saudáveis, um código anticorrupção, termos claros contra o racismo e politicas sociais bem definidas.
O Dr. Gabriel Lopes, como presidente do conselho, sempre estabelece boas relações com outras universidades, temos parcerias coesas com universidades de outros estados nos EUA e de vários outros países. Esse dialogo amplia nossa capacidade de formar bons pesquisadores. É obvio que uma universidade regular, que tem uma estrutura até mesmo maior que a nossa, jamais aceitaria formalizar um acordo e reconhecer os graus de nossa instituição caso nossas práticas acadêmicas não fossem saudáveis.
4. Dr. Gabriel Lopes, como o senhor entende esse contraste educacional entre o sistema norte americano em relação ao restante do mundo?
R= Os EUA têm uma forma peculiar de autorizar o funcionamento de Instituições de ensino, como meu colega William disse, não podemos compara-lo com um sistema eminentemente público. A USDE que é um órgão completamente ligado ao governo, para não dizer um órgão do governo, é devotada a questão do financiamento educacional. Qualquer pessoa que consultar o site oficial da CHEA (Conselho de Educação Superior e Acreditação) verá que existem órgãos de credenciamento que são reconhecidos pela CHEA e ao mesmo tempo são reconhecidos pela USDE e outros que podem ser listados na USDE e não na CHEA (vice e versa) Link: https://www.chea.org/chea-and-usde-recognized-accrediting-organizations. Não há demérito nisso, e isso deixa muito claro que a educação é descentralizada, diferente de vários outros países. Apenas a titulo de informação a própria CHEA diz: Como a afiliação ao CHEA e o reconhecimento da USDE dependem de uma série de fatores, os leitores são fortemente advertidos contra fazer julgamentos sobre a qualidade de uma organização credenciadora e suas instituições e programas com base exclusivamente no status CHEA ou USDE. Inquérito adicional é essencial. Se você tiver dúvidas sobre o status de reconhecimento CHEA ou USDE de um credenciador, entre em contato com a organização credenciadora. (https://www.chea.org/chea-and-usde-recognized-accrediting-organizations).
No nosso caso, além do nosso vínculo com os EUA, como operação com educação on line, buscamos nosso registro e reconhecimento na França, com o objetivo de termos uma inserção na comunidade Europeia, e já conseguimos diversas autorizações, desde a prefeitura de Paris, até o governo Nacional. Possuímos o nosso código nacional de Instituição de ensino superior.
No Brasil temos um sistema de ensino muito centrado nas regras do Governo Federal, se por um lado isso traz segurança, por outro já ficou claro que temos um déficit na qualidade educacional do ensino. A UniLogos desde 2019 mantem sua filiação na INQAAHE – Rede Internacional das Agencias de Garantia de Qualidade do Ensino Superior, participamos ativamente do debate da qualidade do ensino superior com diversos órgãos de regulação educacional de 140 países. Isso nos traz segurança de que estamos no caminho certo.
5. Você se considera uma autoridade em qualidade do ensino superior?
R= Longe disso! Jamais me considerei autoridade em qualquer segmento, me considero um estudioso sobre o assunto, após minha formação em direito busquei me especializar em direito educacional e frequento os eventos internacionais para aprender mais. O mais complicado é que mesmo que tenha boa vontade em orientar pessoas, empresários ou mesmo curiosos sobre o assunto, percebo um certo desinteresse e até mesmo um despeito, as pessoas gostam de ouvir facilidades e na educação não existe facilidade todo caminho tem suas dificuldades particulares.
6. Dr. William, como o senhor enxerga sua gestão como Reitor quando se depara com estudantes brasileiros?
R= Tenho o prazer de lidar diretamente com um brasileiro a anos, que é o meu amigo Dr. Gabriel. O brasileiro tem um perfil persistente é um povo muito bonito. Não conheço o Brasil, mas percebo que os alunos são muito esforçados. Em muitos casos tenho a impressão de certa falta de confiança, me refiro a confiança própria. Cada um deve saber o que quer e saber qual é o melhor caminho a seguir, essa é uma característica que enfatizo a equipe da universidade. Sempre digo que não se pode insistir para um aluno se matricular, isso tem que ser algo interno, da vontade própria da pessoa, a liberdade de escolha é sagrada.
7. E a UniLogos, o senhor considera que é uma instituição legalmente constituída?
R = Com toda certeza! A UniLogos é uma instituição jovem e com o tempo que ela tem de criação, poucas universidades teriam o que já conquistamos até o momento. É claro que não temos tudo, não somos uma grande universidade, temos nossa grandeza em outros aspectos. Vejo alunos publicando excelentes artigos e acompanho a apresentação de teses de mestrado e dissertações de doutorado que são muito bem desenvolvidas. A UniLogos recebeu o credenciamento da ASIC que esta listada no diretório internacional da CHEA, um órgão oficial e muito respeitados nos EUA (https://www.chea.org/international-directory/accreditation-service-international-colleges) além disso já iniciamos nosso relacionamento e estamos listados na IACBE (https://www.chea.org/international-accreditation-council-business-education) que é um órgão de credenciamento reconhecido pela CHEA, e muito respeitado.
A nível internacional a UniLogos esta listada na INQAAHE que é um órgão consultivo da UNESCO, dirigida por diretores de importantes agencias públicas e privadas de reconhecimento educacional, nenhuma instituição inidônea conseguiria se filiar neste órgão (https://www.inqaahe.org/logos-university-international-unilogos). Acredito que já é um grande passo que comprova nosso trabalho idôneo e a integridade de nosso ensino.
8. Dr. Gabriel Lopes, qual seria seu conselho para quem quer estudar em uma instituição estrangeira?
R= Penso que o candidato deve buscar informações do programa de curso, acompanhar os eventos da universidade (seminário, simpósios e congressos), verificar a presença de professores estrangeiros, em especial do país de origem, a documentação da instituição, e não menos importante se a universidade pode oferecer o que de fato o estudante busca, se será suficiente para seus anseios. Problemas, todas as instituições sempre terão, o brasil tem universidade grandes com dividas colossais, mas continuam sua missão de educar. Uma boa universidade gera cultura, agrega pessoas e tem lideres com boa formação social e profissional.
Agradeço a oportunidade de contribuir com essa informação.