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Notícia publicada em 10/10/2016 às 10:47 | Cotidiano
Qual o melhor jeito de viver a vida?
O texto é do jornalista ji-paranaense Fernando Pereira

 

 

Por Fernando Pereira 
*Jornalista

 

Notei que nos últimos dias, sobretudo no Estado onde moro (Rondônia), têm acontecido muitos suicídios (de acordo com os noticiários, foram pelo menos 5 nos últimos 15 dias).

 

As estatísticas nacionais são preocupantes. O Brasil está em oitavo no mundo, em quarto na América Latina.

 

No mundo todo, o suicídio mata mais do que o vírus HIV. Só em São Paulo, de acordo com dados do “Mapa da Violência” divulgados pela Folha de São Paulo, o índice de suicídio cresceu 42% em dez anos, contados de 2002 a 2012.

 

Acho que boa parte das pessoas já quis morrer um dia – se não pelo suicídio, desejaram a morte de alguma forma. Apesar de ter apenas 28 anos, já vivi muita coisa nessa minha caminhada de vivente.

 

Assim como os demais humanos, já tive meus dilemas, minhas dores sentidas no recôndito da alma. Um pouco daquilo que aprendi, e que me tem feito viver bem, me levando a sempre superar as dificuldades, compartilharei com vocês.

 

Ouvindo muita gente, lendo muitos autores, vivendo minhas próprias experiências, descobri que, para se viver bem, basta estarmos atentos a três coisas importantíssimas, que são: Desprendimento, Realidade e Capacidade. Falando de Desprendimento: Há alguns anos eu assistia a uma entrevista com o ex-biolionário Eike Batista, que falava sobre sua experiência de assumir riscos para poder continuar atuando no ramos da extração de minerais e de petróleo mundo a fora.

 

Ele dizia que em seu segmento a conquista do que se busca é bastante incerta, pois, por mais que se tenha à disposição equipamentos de uma tecnologia de ponta, pode-se perder muito dinheiro ao falhar em achar pedras preciosas ou extrair boa quantidade de barris de petróleo. Ele disse que havia falhado muitas vezes e que, em função disso, havia perdido muito do que havia investido. Não quero julgar o Eike hoje, até porque o foco não é ele, mas a lição que aprendi com ele.

 

Perguntado sobre se não havia se frustrado, ele disse que não, pois assim como ele poderia ter obtido sucesso, obteve insucesso; que tudo na vida, exceto a própria vida e a morte, são possibilidades. O que aprendi com isso? Aprendi que quando faz da possibilidade nossa única opção, nos frustramos, nos jogamos dentro de um poço profundo, nos vitimizamos, a ponto de nos tornarmos cegos para novas possibilidades.

 

Se eu me apego demais à uma coisa (objeto), pessoa, uma idéia, um segmento profissional, um relacionamento e ignoro que, assim como pode dar certo também pode dar errado, eu limito meu plano de vida que pode ser extenso, pois se não deu certo aquilo, outra cosia dará.


Desprender, não significa saber perder, mas, sim, entrar sabendo que pode perder e conviver com essa idéia. Meu relacionamento pode dar muito certo, mas também pode dar errado e muito errado. No ramo profissional que escolhi pode haver muitas oportunidades, mas pode ser que elas não chegarão para mim.

 

Eu desistir da vida por causa disso? Não, pois quem tira a própria vida porque algo deu errado, é o próprio culpado de, antes de se matar, ter limitado suas possibilidades. Se não deu certo ser advogado, como pode não dar certo, vá vender doces na feira, ou fazer qualquer outra coisa. O desprendido quer ganhar a vida.

 

O que se faz preso, quer ganhar status por status, se alimentar da vã glória. Na vida não espaço para quem quer fazer dela um espetáculo pessoal e não conseguem; mas há espaço e infinitas possibilidades para quem quer “ganhá-la”, ou seja, aproveitar o que ela oferece ao invés de querer oferecer algo (oferecer-se). A vida tem as belas flores para ser observadas, cheiradas.

 

Tem o céu, as estrelas, o sol e a lua para serem contemplados. A vida é tudo que a compõe é que é o espetáculo a ser assistido e apreciado. Falando de Realidade: Viver a realidade é aceitar os fatos como eles são. Sou branco, sou negro, tenho cabelo liso, cacheado, tenho olhos azuis, castanhos... Os que os fatos dizem sobre quem você é fisicamente? O que os fatos dizem sobre quem você é financeiramente?


Intelectualmente? Socialmente? Não estou dizendo que você deve aceitar a conviver com uma realidade que pode ser melhorada. Estou dizendo que a partir da aceitação da realidade, a gente pode ver com mais clareza tudo que somos e que está relacionado a nós, e ao mundo que nos cerca – seja ele social, religioso ou de qualquer outra natureza.

 

“Quem não encara a realidade como ela é, de fato, desliga o radar que capta as oportunidades dentro das possibilidades que a vida oferece”. Essa frase foi dita pelo bilionário Flavio Agusto, hoje dono do time de futebol Orlando City.

 

De fato, quem fecha os olhos para a realidade, abraça qualquer ilusão que lhe seja aprazievel, conveniente. Se matar por causa de problemas é abraçar uma ilusão conveniente, pois, se fosse uma realidade, todos deveríamos nos matar, porque todos temos problemas – e uns mais do que outros. Falando de Capacidade: A única coisa que nos para é a morte. Quantas historias de pessoas você já deve ter ouvido que conseguiram superar uma (ou várias) situação difícil. Nós temos a capacidade de nos reinventarmos. Os problemas são uma realidade da qual ninguém foge.

 

Muitos fazem de seus problemas uma cruz para arrastar ao longo da caminhada da vida. Outros passam a vender rodinhas. Há problemas que surgem pelo caminho. Há problemas que nós mesmos criamos. A única coisa que podemos fazer com relação aos problemas é aprender as lições que eles nos trazem.

 

Se o patriarca da Família Honda tivesse desistido na primeira tentativa de construir um objeto motorizado sobre o qual se anda para se chegar ao destino com mais rapidez, hoje você não andaria nessas belas motocicletas que foram, e estão, cada vez mais, sendo aprimoradas. Quando se está indo em busca de algo que ainda não deu certo, mas que tem grande possibilidade de dar é preciso ver que os erros apontam para que promovamos aprimoramentos.

 

Eu poso fazer dos meus problemas motivos para lamentar, mas posso ver o que preciso realmente ver, buscar melhorar e ser, a partir de então, uma nova e melhor versão sobre mim que garantirá maior desenvoltura e capacidade de atuar no competitivo mercado pelo qual optei. Você está dizendo que sou um produto? Sim e não.

 

Porque as cosias, na realidade funcionam assim, e tem coisas que não podem ser mudadas, mas nosso ato de crescer pode-nos fazer superá-las, fazendo com que, ainda que elas continuem a existir, não nos incomode.

 

Um dos clássicos exemplos é o de quem nasce cego ou paralítico. Se você deixar o uma realidade que não pode ser mudada te afetar sempre, e de maneira negativa, você estará sempre a um passo de optar pela morte – que é outra realidade que não pode ser mudada, mas, não obstante, convivemos com ela.

 

Ouvi uma frase de um ex-patrão meu, que disse o seguinte uma situação complicada que ele estava passando e que me deixou perplexo: “O que não pode ser resolvido, resolvido está”. Finalizo meu texto citando uma frase do filósofo Jean-Paul Sartre: “Não importa o que fizeram com você.

 

O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Conselho: Se desprenda, encare a realidade e use sua capacidade para mudar o que pode ser mudado e se tornar maior que do que o que não pode ser mudado. Viva bem!

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